quarta-feira, 29 de abril de 2009

o terraço



E haverá nos gestos que nos representam
a unidade de uma nota de violoncelo
E onde quer que estejamos será sempre um terraço
a meia altura
com os ao longe por muito tempo estudados
perfis do monte mário ou de qualquer outro monte
o melhor sítio para saber qualquer coisa da vida
*


uma casa a céu aberto, ou pelo menos parte dela. se no inverno gozamos a vista do salpicar da chuva entre plantas e ladrilhos, no verão temos a nossa própria côte d'azur mas com muito menos pedantes. e que dizer dos dias primaveris, em que se preparam as primeiras refeições com o céu por cima e o estranho silêncio de um centro da cidade muito pouco habitado, até se ouvem os pássaros, valha-me deus, no dia em que bichos desembestados perseguidos pelo will smith assomarem a esta Lisboa será mesmo altura de irmos embora. ainda não é o caso, por agora goza-se o privilégio de pequenalmoçar fora em dias de fim-de-semana, apreciando o sol, com o jornal em riste e os bigodes de leite e o cheiro a café sacado ali ao lado, na cozinha. vá para fora cá dentro, dizia o outro. eu eu não consigo discordar.






* Belo, Ruy in Aquele grande Rio Eufrates, editorial Presença